O que leva uma pessoa que tem uma vida aparentemente normal e que segundo relatos de pessoas próximas não apresenta qualquer distúrbio ou modos explosivos, ter atitudes que os familiares e amigos simplesmente não compreendem, aceitam e principalmente não sabem explicar?
Como entender o imensurável poder da mente humana que é capaz de transformar fantasias em absolutas verdades? Rodrigo idolatrava Ana, vivia seus dias à mercê da artista, mas quando está finalmente à sua frente pela primeira vez ele não quer olhá-la... Faz sentido? Nenhum! O "amor" literalmente havia se transformado em ódio, ódio de coisas das quais ela não tinha culpa, mas que já havia sido julgada e condenada restando apenas pagar pelo que supostamente tinha feito...
Muitas pessoas que tiveram acesso aos textos publicados por ele nas redes sociais ficaram confusas, posts que já mostrava claramente a dupla personalidade do rapaz que ia do céu ao inferno e do amor ao ódio em um piscar de olhos.
Não havia qualquer indício de uma real proximidade entre os dois, e ainda assim houve quem se perguntasse se não tinha mesmo gato na tuba... Tudo isso porque havia a pitada utópica nas falas, mas também estava presente uma certeza e convicção tão grande capaz de confundir aos menos atentos...
O desfecho não poderia ter sido mais trágico e até por que não dizer questionável, uma pessoa baleada, uma morta, e de quebra o trauma que seguirá quem participou daqueles momentos de extrema tensão para sempre... Famílias de ambos os lados indignadas com tamanha violência, mídia, opiniões... Mas e os personagens centrais? O que deu nesse rapaz? O que Ana fez para receber tantos insultos de enojar qualquer mulher e depois disso tudo ainda ser personagem de tamanha tragédia?
A família dele seria mesmo responsável como dito por alguns? Deveriam ter notado? O real questionamento é: Teriam conseguido?
Há alguns anos eu que não sou famosa, bonita e rica como Ana, que sou apenas uma pessoa comum vivendo no anonimato, tive meu nome envolvido em uma situação semelhante...
Na esquina mais próxima de casa sempre tinha um grupo de rapazes conversando e sempre que podiam cantavam as meninas, já por este motivo passava sem olhar para os lados e nem saberia dizer como eram esses meninos fisicamente, acontece que a família de um deles, de origem nordestina resolveu alugar a casa de São Paulo e voltar para a sua cidade natal, lá chegando, o rapaz adoeceu dos nervos a tal ponto que necessitou de ajuda psicológica... Ele alegava que sua família era a culpada por sua infelicidade, uma vez que ele amava e era correspondido e que por terem se mudado ele perderia seu amor...
Onde me encaixo nessa história? Eu era a pessoa que correspondia esse rapaz... Eu que nem sabia dizer na época se ele era gordo ou magro...
Minha vida estava de pernas para o ar, adoeci, tinha perdido a vontade de viver, derrubada mesmo, foi então que um amigo me apresentou a uma pessoa dita vidente e me foi revelado que haviam pessoas orando dia e noite para meu mal, mas que eu não ficaria sem resposta uma vez que ao menos uma dessas pessoas se revelaria indo tirar satisfações na porta da minha casa... Não sei dizer se isso que acabei de relatar é verdade ou não, mas de fato em uma tarde de sábado a mãe desse rapaz apareceu no portão de casa, vi que minha mãe estava se exaltando lá fora e não muito tempo depois fui chamada a participar da conversa... Assim que me aproximei essa senhora já veio me indagando qual era o tipo de relacionamento que eu mantinha com seu filho, e que ela estava ali a pedido do médico que cuidava da saúde mental do rapaz para tirar a história a limpo...
Fui obrigada a dizer que não sabia quem ela era e tampouco seu filho, minha mãe tentou me atualizar dizendo onde eles moravam e onde o filho dela costumava ficar... Então falei que meu tempo era dedicado aos estudos e trabalho e que não dava atenção aos meninos da esquina, e que mesmo sabendo onde o filho dela costumava ficar ainda assim não sabia de quem ao certo ela se referia... Ela então esbravejou que o filho afirmava o romance com a professorinha tanto e com tanta convicção que até o médico estava certo do relacionamento... Me irritei, e questionei qual era meu nome, ela disse não saber, então continuei, não me chamo professorinha, está é minha profissão, se ele se refere a mim desta maneira só demonstra que não sabe nada sobre mim, sugiro que troque de médico uma vez que esse ao invés de se ater aos fatos, está embarcando na fantasia de seu filho... e ela continuava a insistir que o filho isso, que o médico aquilo...
Eu estava nervosa, p da vida mesmo, por mais que falasse ela continuava insistindo em que algo teria acontecido entre nós... Para concluir, falei que ela voltasse e dissesse ao médico o que tínhamos conversado, uma vez que correspondia a verdade, pedi licença e me retirei, minha mãe entrou logo em seguida dizendo que ela não se conformava com minha versão...
O que disse não era uma versão, era a mais pura verdade, mas as pessoas muitas vezes só querem ver o que querem ver...
Alguns meses depois fui alertada pela minha família de que eles haviam voltado para São Paulo, finalmente ou infelizmente soube quem era o rapaz, e minha nada mole vida se tornou ainda pior, uma vez que tinha sempre que pedir para alguém me buscar, me levar, e ele sempre estava na espreita; passei a ter frio na barriga quando o via e sentia mais medo ainda quando isso acontecia e eu estava sozinha... Só voltei a ter paz quando eles voltaram para o nordeste, graças a Deus desta vez em definitivo...
Difícil entender o que estimula essas pessoas a terem tais sentimentos de posse, bem como essa tamanha convicção em suas próprias fantasias..., assim como alguns chegaram a pensar que Ana e Rodrigo de fato tiveram algo, a família e médico desse ex vizinho também pensaram o mesmo a meu respeito, e neste processo você se vê como a última a saber e a mais injustiçada das pessoas, sem contar que começamos a procurar falhas em nós, o que eu teria feito que foi capaz de enlouquecer alguém? A única resposta plausível que encontrei foi: Nasci! O que as pessoas vão sentir com relação a isso é um problema que não me pertence, mas que nem por isso deixarei de responder de alguma forma, culpada ou inocente... O que nos resta? Rezar para que Deus só coloque boas pessoas em nosso caminho, nada mais!!!!
Data primeira postagem 29/05/2016